Caminho rural


NOTÍCIA publicada
no
CORREIO DO MINHO

Ambulâncias não entram na rua

2009-07-03
autor: Miguel Viana

Na freguesia de São Julião de Passos há uma rua onde as ambulâncias não conseguem entrar.
Em causa está o estado em que se encontra a rua: o mato e a terra invadem as bermas e o piso é de terra. Além do mais, um esteio inclinado impede a circulação das viaturas mais altas, como é o caso das ambulâncias.
Acontece que nessa zona mora uma jovem de 17 anos, portadora de paralisia cerebral e epilepsia, e que por isso precisa de se deslocar diariamente, de ambulância, ao hospital ou à clinica onde faz fisoterapia.
Ora, face ao estado da via, a jovem tem de percorrer, muitas vezes, cerca de 400 metros a pé.
“Um dia destes, a minha filha teve vários ataques epilépticos e eu tive de a pôr no meio da estrada”, disse Teresa do Céu Cunha, mãe da jovem.
O ‘Correio do Minho’ foi, ontem, testemunha do sofrimento da jovem, ao fazer, a pé embora amparada pela mãe e uma amiga), o trajecto entre a casa onde mora e a Estrada Nacional 103 (Braga - Barcelos).
Pelo meio, a jovem teve três crises de epilepsia, tendo necessidade de ser deitada no chão.
“Isto acontece quase todos os dias. Se não tivesse ajuda dos meus amigos e vizinhos, não conseguia levantá-la”, afirmou a mãe da jovem.
Alguns minutos depois chegou a ambulância de uma empresa privada, que acabou por não levar a jovem à clínica de fisioterapia por causa dos ataques epilépticos.
A solução foi chamar, pelo 112, uma ambulância do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM).
Uma vez mais a ambulância teve de permanecer à entrada da rua.
Depois de avaliarem o estado de saúde da jovem, os paramédicos tiveram de a transportar numa cadeira de rodas entre a casa onde mora e a ambulância.
A situação tem criado sentimentos de revolta em familiares, amigos e vizinhos da jovem.
“Chamar rua a isto é demais. Não pedimos que alarguem para passar um carro por outro, porque não tem muito trânsito. Mas pelo menos que limpem as bermas, e ponham um piso nesta rua. Se fizerem isso, as ambulâncias já conseguem passar”, disse uma amiga da família.
A mesma pessoa acrescentou que “são os moradores que têm de fazer a manutenção da via, se quiserem passar com o carro. O marido da minha amiga e outro vizinho é que limpam isto.”
Refira-se que o caminho dá acesso a cerca de meia dúzia de casas. A verba para arranjar a via, já chegou a estar disponível, por parte da junta de freguesia, mas, diz Teresa do Céu Cunha, “a junta antiga, o antigo presidente, gastou o dinheiro noutro caminho. Como os proprietários não cederam o terreno para alargamento, a junta foi arranjar outro caminho”.
O ‘Correio do Minho’, tentou, ao longo da tarde de ontem, contactar o autarca de São Julião de Passos, mas Luís Magalhães não atendeu o telemóvel.
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