Fevº 2006 - Notícia sobre JERÓNIMO

Jerónimo” em exposição até 18 de Fevereiro

8-2-2006


Os mais de mil visitantes que, até agora, a exposição “Jerónimo – Retrospectiva 1952-2002” recebeu até o passado domingo, justificam a iniciativa do Pelouro da Cultura da Câmara Municipal de Barcelos em prolongar a mostra até ao próximo dia 18 de Fevereiro.

Desde pessoas individuais, a apreciadores de arte, proprietários de obras de Jerónimo ou grupos de alunos de Belas Artes, muitos têm sido aqueles que têm procurado nesta colecção particular do galerista Manuel António Araújo, a assinatura do trabalho de Jerónimo. A grande receptividade por parte do público justifica a continuação desta exposição por mais duas semanas.
Considerado por muitos, o “maior pintor do século XX, do Norte de Portugal”, Jerónimo pintou durante cinco décadas. E é a retrospectiva desse período entre 1952 e 2002 que pode ser apreciada na Galeria de Arte de Barcelos, de terça a domingo, das 14 às 18 horas.
Conceitos como a morte, a mulher e Deus são constantes na obra de Jerónimo, que pintou ainda para a tela vários retratos e etapas da sua vida pessoal.
Além das tintas, Jerónimo tem quadros pintados com o próprio sangue ou com mistura de café e vinho tinto, por exemplo. A lâmina da barba é outro dos instrumentos utilizados na pintura dos quadros expostos em Barcelos.
Jerónimo foi o primeiro pintor português a expor em Brasília. Representado em diversas colecções particulares, nacionais e estrangeiras; foi bolseiro da Fundação Gulbenkian e aluno extraordinário da Escola de Belas-Artes do Porto.
Com esta exposição, a Empresa Municipal de Educação e Cultura de Barcelos pretende homenagear o pintor Jerónimo, para quem Barcelos sempre foi um tema presente na sua obra, tendo pintado para a tela a vista sobre a cidade, a feira, a mouraria, o “nocturno” de Barcelos, entre muitos outros.
Natural de Braga, Jerónimo desde cedo adoptou Barcelos como a sua cidade do coração. A sua primeira tela representa uma paisagem de Barcelos, assim como a sua primeira exposição teve palco nesta cidade.
Faleceu em 28 de Dezembro de 2003. Esta é a homenagem que faltava.

Autor: Fátima Vilaça



Publicado na A VOZ DO MINHO

Jerónimo – retrospectiva de 50 anos de pintura

Jerónimo – retrospectiva de 50 anos de pintura

4-1-2006


“A minha pintura é o meu diário íntimo com impressões da vida em cor, forma, movimento e música. São trabalhos tão simples como confusos, tão humanos como desumanos; são reflexos do movimento duma circunferência chamada ‘EU’ inteiro de angústia, ânsia e amor pelas coisas e pelas pessoas – ‘quando pessoas’”.

Assim se apresentava Jerónimo Fernandes, o artista que abrirá o ano de 2006 na Galeria Municipal de Arte de Barcelos.
Considerado por muitos, o maior pintor do século XX, do Norte de Portugal, Jerónimo pintou durante cinco décadas. E é a retrospectiva desse período entre 1952 e 2002 que estará patente na Galeria de Barcelos, já a partir do próximo sábado, dia 7 de Janeiro, e até 4 Fevereiro, de terça a domingo, das 14 às 18 horas. Trata-se da colecção particular do galerista Manuel António Araújo.
A abertura da exposição está marcada para as 18 horas, na Galeria Municipal de Arte, sita na Praceta Francisco Sá Carneiro, e contará com a presença de inúmeros galeristas e coleccionadores da obra de Jerónimo.
Jerónimo foi o primeiro pintor português a expor em Brasília. Representado em diversas colecções particulares, nacionais e estrangeiras; foi bolseiro da Fundação Gulbenkian e aluno extraordinário da Escola de Belas-Artes do Porto.
Com esta exposição, a Empresa Municipal de Educação e Cultura de Barcelos pretende homenagear o pintor Jerónimo, para quem Barcelos sempre foi um tema presente na sua obra, tendo pintado para a tela a vista sobre a cidade, a feira, a mouraria, o “nocturno” de Barcelos, entre muitos outros.
Natural de Braga, Jerónimo desde cedo adoptou Barcelos como a sua cidade do coração. A sua primeira tela representa uma paisagem de Barcelos, assim como a sua primeira exposição teve palco na cidade de Barcelos.
Faleceu em 28 de Dezembro de 2003.

Autor: Fátima Vilaça



Notícia publicada na A VOZ DO MINHO em JANº/2006

Recordando... JERÓNIMO

Anticoar

A paixão de uma vida

É um coleccionador nato. Com apenas 12 anos Manuel Araújo comprou a sua primeira antiguidade, uma lanterna de um navio que guarda religiosamente até hoje. A vida fê-lo seguir outros caminhos, mas foi há três anos que realizou um sonho – abriu, finalmente, o seu antiquário.

Confunde-se com o próprio espaço, aquando os gestos que arqueiam cada peça por ali perdida. Manuel Araújo fala-nos de paixão, a tal que lhe corre no sangue desde sempre, a tal que impele este antiquário repleto de magia. Situando-se no centro de Braga, este espaço dá pelo nome de Anticoar e dedica-se essencialmente à compra e venda de antiguidades, peças de coleccionismo e peças de arte. É notório que, entre faianças e relógios com muitas dezenas de anos, encontramos centenas de quadros originais de diversos artistas que transpiram cores garridas.
Com outra actividade, ligada a seguros, Manuel Araújo pretende agora dedicar-se cada vez mais aquilo que verdadeiramente gosta: as antiguidades. À conversa com “O primeiro de Janeiro”, confessa-nos que voltou este ano à Universidade, desta vez para aprofundar os seus estudos noutra área: “Pensei em aprofundar mais o meu conhecimento, por isso inscrevi-me no curso de Estudos Artísticos e Culturais. O gosto por estas matérias é algo que nasceu comigo ao qual pretendo dar continuidade”.
As três áreas que escolheu representar acabam, no fundo, por lhe dar um estatuto de coleccionador generalista: “Às vezes uma mesma peça é simultaneamente arte, antiguidade e peça de coleccionismo”.
Confessa-nos que é muito difícil, por vezes, desprender-se de determinadas peças: “Há um sentido de pertença enorme, é quase como se cada peça fosse insubstituível”, afirma, enquanto pega num livro enorme, sublime, ao qual desde logo lhe adivinhamos misticidade. “Este livro é o exemplo de uma das peças das quais não me consegui desfazer. É a constituição de Braga de 1697 e está, como vêem, em excelente estado. Ainda cheguei a cedê-lo, mas mandei-o vir para trás. É muito difícil desprender-me das coisas, para mim certas peças têm um encanto especial”.
Fomos descobrindo gradualmente que a loja é apenas um mostruário das colecções que se espraiam além destas quatro paredes. Manuel Araújo guarda em sua casa outras colecções que, “já não cabem na loja”, desabafa.
Confrontado com o mercado, afirma que a crise também se sente neste sector : “A maior parte das peças que aqui estão, foram pessoas que me apareceram na loja a vender e isso é cada vez mais notório. Já quase não saio à procura de peças, só uma vez ou outra pontualmente. De resto, chegam-me sempre aqui coisas diferentes”.
Manuel Araújo define o seu tipo de clientes como: “Pessoas de classe média, cultas e com algum poder de compra que ora se deslocam aqui voluntariamente, ora me ligam a pedir uma peça específica. Tenho vindo a verificar que cada vez mais as peças vendidas são para oferecer. As pessoas procuram aqui presentes”.
Sempre à sombra de alguma timidez, Manuel Araújo lá se foi soltando aos poucos no decorrer da entrevista. Chegado ao ponto em que a conversa derivou para a arte, verificámos nele uma enorme vontade de nos dar a conhecer uma das suas paixões: o pintor e poeta Jerónimo: “Fui comprando os quadros dele ao longo dos anos e neste momento julgo ser a pessoa que tem a maior colecção deste pintor, desde os primeiros quadros que pintou aos 17 anos, até à última tela que estava a pintar antes de morrer e não chegou a terminar. São mais de 80 quadros!”
Amigo e admirador de Jerónimo, é imponente a forma como o descreve, como o sente, como o torna perpétuo no tempo. “A peça mais valiosa que me passou pelas mãos até hoje foi, sem dúvida, um quadro dele que está aqui, que vale cerca de 15 mil euros. Não o vendo, não me consigo desfazer dele”.
Tempo ainda para Manuel Araújo nos falar das exposições que vai fazendo com a obra do Pintor: “A primeira foi na galeria da Câmara Municipal de Barcelos que contou com mais de 1500 visitantes. A segunda foi também em Barcelos e tenho já uma marcada para o próximo mês de Novembro, de 16 a 30, em Viana do Castelo nos antigos Passos do Concelho”.
Fica, então, o convite.

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Jerónimo

Decorria o ano de 1935 quando nasce, em Braga, o poeta e pintor Jerónimo. “Era um homem imponente, frontal, boémio, extrovertido e apaixonado”, é assim a forma como é descrito por Manuel Araújo. Simples e franco, fruto de uma sensibilidade ímpar, era conhecido por afrontar aqueles que considerava poderosos a todos os níveis. O proprietário do antiquário afirma que este: “Como pintor, se morasse noutros lugares, teria sido reconhecido como um dos melhores pintores nacionais”. Manuel Araújo lança ainda: “Não foi conhecido em vida do grande público, mas ainda há-de ser. Como amigo pessoal dele, penso que talvez ele próprio não quisesse a fama. Fazia questão de organizar as suas exposições e de programar a sua vida sem interferência de ninguém”.
Foi o primeiro pintor português a expor em Brasília. Não se preocupava com o dinheiro, pintava todos os dias e afirmava que, enquanto tivesse uma gaveta para arrumar e uma tela para pintar, não morreria. “Deixou-nos aos 68 anos, vítima de ataque cardíaco”, diz-nos Manuel Araújo que nos mostra de seguida um dos seus poemas preferidos:

Vivo dentro da solidão
Do meu tamanho
E espreito aí p´ra fora de fugida...
Suicída ou não cá vivo
- e chega-me espreitar aí p´ra fora
de fugida
a vida.

“Solidão”, Jerónimo


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NOTÍCIA PUBLICADA no
O PRIMEIRO DE JANEIRO