Livro de AGOSTINHO BORGES GOMES -apresentação




Apresentação do Livro “NO OUTRO LADO DA VIDA”


Para quem não me conhece, eu chamo-me Agostinho.
Moro em S. Julião de Passos, aqui no concelho de Braga.
Sou Pensionista.
E sou Licenciado em Filosofia pela Faculdade de Filosofia de Braga da Univ. Católica.

I

 Uma obra para ser literária tem de ter profundidade. Claro que esta profundidade está escondida, tendo de ser o leitor a desvelá-la. Por isso vou nesta apresentação tentar ajudar a que tudo se torne mais claro.

1  Este romance tem como tema a vida depois da morte, cujo tema geralmente é abordado pelas religiões,
a) mas também a Filosofia está habilitada para entrar nesta esfera.
b) Até a literatura. Estou a lembrar-me por exemplo do Gil Vicente e dos seus Autos da “Barca do Inferno”, da “Barca do Paraíso” e da “Barca do Purgatório”, bem como da “Divina Comédia” do escritor italiano chamado Dante.

2  Claro que este tema, já que se situa do outro lado, tem como objecto o mundo dos espíritos, cujos autores podem seguir um caminho espírita ou espiritualista.
a) Eu sigo o caminho do espiritualismo, cujos partidários se apelidam de espiritualistas, embora eu dentro do campo da Filosofia.
b) Como sabem, aqueles que seguem o espiritismo apelidam-se de espíritas.

3  Quem segue uma religião também segue o caminho do espiritualismo.
a) Claro que em todos estes caminhos há coincidências e diferenças. Por exemplo, o meu caminho espiritualista, neste livro, coincide com as religiões,
b) mas diferencia-se no seguinte:
 As religiões baseiam-se na Fé e eu baseio-me na Razão.

4  Portanto, frisemos bem: o espiritismo e o espiritualismo são doutrinas. Mas entre as doutrinas temos
a) aquelas que seguem a via da Filosofia
b) e aquelas que seguem a via da Religião.

5  Para compreender isto, assinalemos que a Filosofia consta de duas componentes:
a) uma reflexão ou um pensamento sobre toda a realidade do nosso mundo Físico.
b) e uma reflexão ou um pensamento sobre a realidade Metafísica. “Meta” em grego significa “para além de”. Juntando os elementos “meta” e “físico” dá a realidade Metafísica.

6  A Religião, por seu lado, tem como ponto de partida a Verdade revelada nos Livros Sagrados, com uma reflexão posterior, impulsionada por estes livros, apenas com uma orientação espiritual ou espiritualista.
a) Se olharmos pelo prisma das coincidências, tanto o espiritismo, como as religiões e como uma das partes da Filosofia são metafísicas.
b) No entanto, já que existem diferenças, há convenções culturais e intelectuais a nomear a abrangência de cada área, as quais já referi.
c) Note bem, eu enquadro-me numa das duas partes da Filosofia, que se chama Metafísica, que tem por base a Razão, como já disse.

II

1  No entanto, eu tenho ainda mais um suporte, para além da Razão, que é um início de uma experiência do mundo metafísico, que podemos colocar no âmbito das Ciências Ocultas.
a) Claro que eu entrei nesse mundo, não por ser um génio ou uma pessoa dotada, mas por ter adquirido esses conhecimentos através de livros com ensinamentos ou testemunhos.
b) É através de uma Terceira Visão que eu consigo atingir o princípio do mundo metafísico.

2  Como ensina a Ciência, toda a matéria é constituída de partículas, sempre a diminuir em tamanho e profundidade, até existir uma primeira, à qual o filósofo S. Tomás de Aquino chamou “matéria-prima”, que tem a forma de luz, a luz primeira.
a) Esta matéria-prima tem a forma de luz e é nesta luz que se movem os espíritos.
b) Quanto a este meio-ambiente dos espíritos, por enquanto, para mim, ainda é uma hipótese dedutiva.
c) Mas, quanto à matéria-prima em si, já observo aquela que é projectada pela explosão nuclear das estrelas.

3  Como as estrelas estão a anos-luz de distância, por ora só vejo uma pequena claridade no escuro do meu quarto, durante a noite com a porta e as persianas encerradas. E mais: vejo os reflexos das estrelas que se encontram do lado oposto da Terra.
a) Segundo o testemunho de outros, o objectivo é ver no pleno escuro, até numa mina no interior da Terra, a matéria-prima da luz do Sol, a qual possui a forma de luz, como as estrelas.
b) Como as estrelas estão a anos-luz de nós, a luz referida chega até nós muito rareada e talvez com menos velocidade.
c) Porém, a do Sol, essa tem obrigação de chegar até nós muito concentrada, com toda a sua força e com todo o seu esplendor, mesmo no sítio mais recôndito e escuro, uma vez que é uma matéria tão minúscula, a tal primeira, que consegue ultrapassar qualquer barreira, com toda a facilidade, mesmo toda a massa do planeta Terra, quando o nosso astro-rei está do outro lado, ao meio da noite.

4  Essa luz do Sol eu ainda não consigo ver, bem como o próprio astro na visão primeira. Se um dia o conseguir descortinar, observá-lo-ei do outro lado da Terra, na condição de eu estar num lugar escuro.
a) Para conseguir chegar lá, terei de perder algum tempo, todas as noites na cama, a focar estrelas com os meus olhos, para adquirir sensibilidade a cada vez mais luz – a tal chamada matéria-prima.
b) Toda esta história começou em Fevereiro ou Março de 2009, depois de ter brincado com as técnicas descritas nos livros que li.

5  Até veio a mim uma entidade não identificada a ensinar-me como eu haveria de fazer, creio eu que para atingir a luz do Sol, a tal luz primeira.
a) Com o tempo aprendi que não basta observar a claridade das estrelas,
b) é necessário focar as estrelas na sua individualidade para adaptar a visão à luz do Sol.
c) Esta entidade, eu não a vi. Vi apenas os seus sinais luminosos, que iam de uma flor a uma fotografia ou uma sequência delas sobre motivos humanos, paisagísticos ou pictóricos, colocando-os precisamente na direcção da estrela que eu estava a focar, com uma arte especial para puxar por mim e não me deixar adormecer.

6  Contudo, este instrutor enviou-me também recados escritos em forma de luz, que eu não consegui captar, por serem em inglês.
a) Depois de me prestar uma assistência mais ou menos assídua, deixou de dar sinais. Mas acredito que, se eu necessitar, ele virá de novo com os seus sinais.
b) Uma vez percebi uma frase inglesa, que era “I look”, escrita em letra de imprensa, com a primeira palavra em letra grande e a segunda em letra pequena. Eu traduzi “Eu observo”.

III

1  Claro que isto tem os seus inconvenientes, pelo que não brinque com coisas sérias. Veja bem se está preparado para pôr em prática a técnica que eu exponho no prefácio deste livro.
a) Ler a técnica ou ter conhecimento dela não tem qualquer implicação. Só a tem se você a puser em prática. Mas se lhe aparecer qualquer fenómeno sorrateiro, como a mim, para se orientar tem o meu testemunho neste livro.
b) Os maiores riscos até não são o medo ou um descontrolo psicológico. Os maiores riscos são dois: - 1º. A aquisição da consciência de que podemos estar a ser observados a qualquer momento; 2º. Uma mudança radical de vida, que pode ser positiva ou negativa. “Positiva” se entrar no caminho do bem e “negativa” se entrar no do fanatismo.
c) Um exemplo de fanatismo: - Os espíritos têm a capacidade de fotografar imagens, de guardá-las dentro de si e de projectá-las diante dos nossos olhos. Ora esta imagem pode não ser a manifestação de um espírito superior, mas a projecção de um espírito inferior.
d) As imagens destes espíritos inferiores podem ser de tipo religioso, que eles captaram nas igrejas ou noutro sítio qualquer, ou eles próprios as criaram, pois os espíritos têm o dom da criação de pinturas dentro de si e da sua projecção. Por isso podem não ser aparições de Deus ou de Nossa Senhora ou de Santos.
e) Como nós do lado de cá só trabalhamos com a matéria, no máximo com a luz que todos vêem, os espíritos só trabalham com a luz primeira, a luz sobrenatural, aquela a que o filósofo S. Tomás de Aquino chamou matéria-prima.
f) Como sabem, um fanático só vê um lado da questão, conclui logo que viu Deus ou Nossa Senhora ou um dos Santos. A partir daqui procura aniquilar quem se lhe opõe, tem-se como um escolhido por Deus e conclui que Deus só a ele ama e que quem não pensar como ele vai para o Inferno. Note que eu não estou a pôr em causa as possíveis verdadeiras aparições.
g) Quanto a mim, declaro que passei por alguns sustos, mas mantive o controlo psicológico, devido ao meu lado racional, e, quanto a mudança radical de vida, tornei-me mais convicto na defesa da causa sobrenatural e aos poucos vou corrigindo os meus defeitos e preparando-me para a vida do lado de lá, sem beatices.

2  Em suma e no fundo, todo o tipo de espiritualismo, quer filosófico, quer religioso, quer espírita, tem como objectivo principal ou como ideal a paz, o amor, a harmonia e a felicidade universal, no sentido dos dois mundos, o material e o espiritual, na certeza de que a vida terrena não chega nem a um grão de areia no mundo da eternidade.
3  Quando não existem estes requisitos – de ter como principal objectivo ou como ideal a paz, o amor, a harmonia e a felicidade universal – estamos perante movimentos maléficos, que é necessário combater, sejam eles filosóficos, religiosos ou espíritas.

IV

1  Quanto aos resultados práticos do contacto com o mundo espiritual para efeitos de espectáculo, simplesmente não me interessam.
a) Apenas me interessa aquilo que me serve de conhecimento para eu escrever livros, com a finalidade de contar o que se passa do lado de lá.
b) Até tenho medo de muita coisa, inclusive dos espíritos maus, que dizem que os há. E não é de admirar, pois há filho de muita mãe que passa para o outro lado quando morre.

2  Por isso, não sigo o caminho dos médiuns espíritas que servem de intermediários entre os espíritos e os seus familiares terrenos.
a) E o que mais me horroriza é aqueles médiuns que entram em transe para o espírito de um falecido falar através deles. Embora seja uma posse ou uma possessão passageira, a mim causa-me repulsa e repugnância.
b) Para mim não há nada que pague a liberdade e a independência, mesmo que a perda destas seja momentânea.

3  Por consequência, nem todas as capacidades humanas me interessa desenvolver.
a) Aliás, eu ainda estou a dar os primeiros passos, apenas no campo da visão do mundo da matéria-prima, a tal luz primeira.
b) A minha esperança é que, atingindo a visão da primeira luz do Sol, eu consiga ver os espíritos tais e quais eles são, uma vez que com a primeira luz das estrelas eu só consigo ver os seus sinais.

4 Dizem os sábios orientais que existe também uma Terceira Audição. Confesso que não tive coragem para experimentar, mesmo através de gestos. Podem-me dizer: «Isso eu fazia!» Eu responderei então: «Fazias, fazias... E o medo?»

V

1  Quanto à história descrita no livro, muitos podem dizer: é uma historieta.
a) Não! Não é uma historieta, pela seguinte razão:
b) Por detrás do enredo, que é simples e todos compreendem, eu tenciono sugerir muito mais, sem chocar ninguém.

2 Este livro narra as aventuras na vida do além de um casal que morreu de acidente de viação.
a) Todavia, cumpre as exigências de uma obra literária, que deve possuir unidade, complexidade e profundidade.
b) Quanto à complexidade, a mim parece-me que ela não é obrigatória, uma vez que “O Princepezinho” de Saint Exupery não tem nada de complexo e não deixa de ser uma obra literária.